O dia em que o Cruzeiro resistiu a uma ditadura para seguir radiante

 

Arte: Colletivo 45


Há 79 Anos atrás, a Societá Sportiva Palestra Itália, que tinha momentaneamente como nome Palestra Mineiro naquele ano de 1942, oficializava a mudança de nome, escudo, brasão para se tornar o Cruzeiro Esporte Clube que tanto conhecemos hoje, de tantas conquistas com o azul-celeste estrelado que estampamos no nosso dia a dia.

O que muitos não sabem atualmente é como esse evento marcante na história do Cruzeiro não é simplesmente o dia em que o Cruzeiro alterou a sua identidade visual, muitos julgam que esta data é algo sem valor, em especial aqueles que não integram a imensa China Azul, a data conhecida como a "Resistência Palestrina" carrega contigo uma história de exemplo de luta, de resistência como o marco já diz, e que marca a sobrevivência de um clube que enfrentou as perseguições e as injustiças impostas por um autoritarismo que o país vivenciava na época.


O Contexto de 1942: O Brasil, a Segunda Guerra Mundial e o Nacionalismo


Com três anos de duração da 2ª Guerra Mundial, o Brasil que estava diante do governo de Getúlio Vargas e a Ditadura do Estado Novo, viu o país declarar guerra ao Eixo totalitário composto por Itália, Alemanha e Japão. Em janeiro de 1942, após aproximação aos Estados Unidos, de maneira bélica e econômica, o Brasil teve papel importante principalmente nas províncias italianas, através da Força Expedicionária Brasileira na derrota das tropas Fascistas no país da 'bota'.


Diante desta guerra declara contra o Eixo, Getúlio Vargas passou a implementar políticas totalmente ultranacionalistas de forma mais rígida, das que já existiam dentro do território brasileiro desde 1937, de maneira a demonstrar a "soberania nacional" e a mostrar força diante dos países opostos na guerra. A principal política extremista, que viria a atingir o Palestra Itália, foi através de uma lei em que forçava qualquer entidade comercial, esportiva, clubes e demais estabelecimentos ou segmentos, a não terem nomes, e demais características alusivas aos países do Eixo.


A política de perseguição aos descendentes e imigrantes italianos eram fortes na ditadura varguista após a guerra, como o confisco de bens e a retirada de diversos direitos no quais os mesmos possuíam. Acima de tudo, o que se via naquele ano de 1942 foi uma perseguição vindo de muitos nacionalistas brasileiros, o que não foi diferente em Belo Horizonte.


Mesmo que a população italiana não tinha a ver com o Fascismo italiano e com qualquer acontecimento da guerra, retaliações eram bastante 'comuns' de ser ver. Muitos estabelecimentos foram incendiados por carregarem nomenclaturas de linguagem italiana e por possuírem pessoas ligadas à Itália de alguma maneira. Alguns comércios como a Casa D'Itália, fábrica de Massas Isoni e a Loja Ranieri foram depredadas por ultranacionalistas. Os italianos e seus descendentes eram vistos como uma ameaça pela parte extremista da população que tinha a política de nacionalização como seu pilar.


O Palestra Itália sob ameaça e a resistência diante da injustiça


Diante das leis da injustiça contra as entidades que carregavam suas origens italianas, o Palestra Itália se viu diante de uma ameaça imensa. Em primeiro momento, o clube teve que abdicar da "Itália" que carregava em seu nome para se chamar Palestra Mineiro. Entretanto, o clube ainda carregava as suas identidades tricolores ao país de origem. 


Diante da alta retaliação que se via na época, o Palestra era mais uma instituição que se via sob pressão, tendo assim, de forma injusta, não vendo outra alternativa a não ser reconstituir, de forma forçada, a sua identidade que carregava lindas histórias do seu nascimento e sua origem incontestada.


Como forma de resistir e assim fazer com que a instituição Palestra sobrevivesse, no dia 7 de outubro de 1942, após se reunir com conselho, diretoria e demais representantes na época antes de "bater o martelo" sobre a mudança de nome e identidade. O Palestra Itália se tornaria Cruzeiro Esporte Clube, carregando as cores Azul e Branco e carregando a constelação de Cruzeiro do Sul. Esta constelação é vista como um símbolo maior da pátria brasileira, estampada na bandeira, em condecoração de alto nível e até em dinheiro já havia sido estampado, fazendo com que o Cruzeiro se firmasse de vez como alguém que faz parte do Brasil.


Assim, o nome do Cruzeiro carrega contigo um símbolo enorme de resistência, onde o Cruzeiro e a sua imagem mostram como uma associação viria a resistir a uma ditadura, a enfrentar as injustiças travadas pelo extremo nacionalismo incentivado por Vargas e demonstrar a sua força, que se fortalece a cada dia, por décadas e décadas.


Todos nós cruzeirenses carregamos hoje um legado deste ato de bravura e resistência, a nossa essência sempre foi lutar e ser a oposição diante de tantas coisas que tentam nos combater. nós escrevemos a história, nos tornamos campeões da América, do Brasil, inúmeras vezes, se firmando maior clube de futebol de Minas Gerais. São frutos das lutas antepassadas e das quais travamos até hoje, que nunca deixando de carregar e relembrar nossas origens de berço, a nossa raiz palestrina e as cores italianas.


Assim é o Cruzeiro, tão combatido, jamais vencido!
Viva a resistência palestrina!

6 comentários:

  1. Bonita história. Com certeza muitos cruzeirenses não conheciam profundamente.
    Agora é hora de resistir novamente. Sobreviver à imersão que os últimos presidentes nos jogaram. Cadeia pro Wagner e sua turma. Renúncia pro SSR!

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  2. E isso tudo soma quantos pontos na tabela? Porque cês tão precisando de muitos kkkk TriB kkkk

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    Respostas
    1. Não soma nenhum ponto na tabela, da mesma forma que os 400 milhões investidos pelo Menin no atletico não conseguem fazer seu time levantar uma taça de expressão... aliás, não consegue fazer seu time ganhar nem da Chapecoense, potencialmente rebaixada.
      E título meu amigo, cês tão precisando de muitos também pra chegar no patamar do Cruzeiro...

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    2. Perfeita a sua observação, mas lembre-se sempre : time pequeno não SOBIS de jeito nenhum.
      Bom fim de semana e boa SEGUNDA.

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  3. Realmente. A raposa merecem ganhar a recuperação total Tem que batalhar muito pra voltar às origens.

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  4. Não sabia que tinha sido por causa do Vargas. Curiosamente hoje ele joga no Galo.

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